25 agosto, 2009

Menininha de Jesus - a chegada

Menininha de Jesus entrou em nossas vidas de repente, como aqueles desígnios de Deus que mudam conceitos e nos fazem pensar em sermos pessoas cada vez melhores. Era uma gatinha sem dono, entre tantas que perambulam nas cidades do Brasil, graças à falta de consciência e responsabilidade humana. Era uma gatinha que perambulava no condomínio onde eu morava e que era alimentada por várias pessoas, mas que não tinha dono fixo, lar, uma lugar quentinho onde dormir. Menininha estava cheia de chagas e poucas eram as pessoas que a tratava com respeito. A maioria, mesmo que compadecida, não tinha coragem de tocá-la, de lhe fazer um carinho. De grão em grão de ração, Menininha subsistia às doenças, ao frio, à solidão. Vez por outra corria dos ataques humanos. Mas sempre voltava ao condomínio onde no segundo andar do bloco 5 havia uma senhora deficiente física, chamada Regina, que de forma sagrada a alimentava. Dona Regina era uma pessoa especial, independente das necessidades especiais. Adorava animais e havia 'adotado' aquela gatinha, muito mais por pena do que por gosto e, portanto, dava ração à bichinha do lado de fora da casa. De fome Menininha não morria, ao menos enquanto Dona Regina vivesse. Quis o destino que no dia 25 de dezembro de 2007, esta senhora, que era minha vizinha de porta e que fumava muito falecesse. A esta altura, de tanto conversar sobre gatos e bichos com Dna Regina, eu já tinha sido apresentada à causa da Menininha e me compadecido. Fiquei dias andando pelo condomínio, que é no meio de uma mata, assoviando, me perguntando onde estava a gatinha que aquela senhora cuidava e com quem eu sempre conversava sobre o amor aos felinos. Na época, morava comigo a minha gata Sagrada da Birmânia, hoje com 8 anos de idade. Depois de 7 dias a Menininha apareceu no meio do mato. Estava pior do que antes. Um dos olhos necrosando por causa de um corte na retina (briga de gato), a outra vista estava com um tipo de nuvem branca, de ambos os olhos saía uma secreção escura, parecia que ela chorava sangue. Pêlos? Que pêlos. A gatinha era só fungos. Magra. Passei a alimentá-la próximo ao jardim. O síndico não demorou a descobrir e me mandou junto com uma multa o aviso de que pegaria ela e entregaria na SUIPA. Estava feito o impasse. De um lado, a Baby sadia em casa, minha companheira, do outro o síndico e do outro, minha consciência que me perguntava até onde eu estava sendo realmente um fator positivo na vida daquela gatinha, afinal, eu a alimentava, mas não solucionava os problemas latentes! Um dia abri a porta para chamá-la e lá estava ela, deitadinha no capacho. A alimentei e confesso que a porta pesou toneladas quando a noite chegou e tive que fechar na carinha dela. Não dormi. Eu estava envolvida demais para sair daquela história. Imaginava a gatinha na chuva, com fome, som sono, sem lar. Liguei para uma amiga estudante de veterinária (5 ano) e a Lilian veio.